Outra vez o amor
Vem, suave como um beija-flor
na madrugada
pousar em meu peito
que bate excitado, sonhador.
Vem, rasteiro com o som da noite
regar o triste canteiro
de minhas lembranças de dor.
Vem, aflito novamente,
com seus sintomas da doença amor
sacudir minhas pernas
tremular meus olhos
provocar meus desejos.
Bem-vinda, faceira taquicardia
quanto tempo, gostosa tremedeira
vem, do jeito que quiser
anjo, incógnito
pode vir
pode levar-me de novo
ao seu imenso mundo das incertezas.
Vem, nesse molejo cadente
com seu jeito moleque, desobediente
vem me fazer atravessar as noites às saudades
mostrar-me seus desencontros e vontades
trazer de novo o pulsar arrítmico do meu coração
atordoar meu cérebro perdido
inerte na paixão.
Pode vir, assim mesmo
com a semente de suas dúvidas
ressuscitar meus medos e receios
intimidar minhas inseguranças
invocar sua sensibilidade
tão natural, tão leve
eterna esperança.
Vem, feito menina alegre
deitar a cabeça em meu colo
suscitar em mim suas perguntas sem respostas
despertar em mim as mais quentes propostas
sussurrar pra mim as mentiras que tanto gosta
vem ser você
vem com você.