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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

QUEM?

















QUEM?



Alguém me sustenta
alguém sussurra aos ouvidos do Mestre
dos mestres:
- É ela, vai, acalenta!

Alguém me suporta
um conhecido misterioso
que não se deixa à porta
convida-se a entrar
a cear comigo
e me manter lúcida,
vívida,
o que mais lhe importa.

Alguém atrás, à frente, dentro
vai, a cada momento,
suprindo-me de alento,
evitando-me a loucura
diante de tanto
tormento.

Alguém invisível
mas ainda assim tão crível
combate o meu combate;
me acorda,
e me pisa os pés no embate,
e me liga com a vida,
mesmo em meio à solidão
e o desejo da partida...

Este é alguém que conheço
embora  não lhe veja a face
alguém que me conhece
tão delicada,
tão detalhadamente,
e cujo tamanho amor
me constrange e  me induz
a seguir, fraca e forte
ainda que
com tão imensa
dor.



MCRL/mcrl/20/11/12
Código em Recanto das Letras 4006338


sábado, 24 de novembro de 2012

ANJO






ANJO




Eu a olhei bem de perto...
e  pude ver,
ela era um anjo...

Acossado pelas dores
do mundo,
um anjo vivente nesta
terra caída,
mas anjo...

A pele muito branca,
macia...
O olhar apertado
de quem está obrigado
a viver por ora aqui,
um anjo cheio de luz,
amado de Jesus
em missão de paz
e também de ser feliz.

E, no entanto,
um anjo também sofrido,
mágoas ainda retidas,
o olhar pedinte,
um semblante carente...
que repetia, insistente:

“não esqueça, mãezinha
você é meio como Maria,
Deus se permitiu a cruz
Para que você desse à luz
Um anjo...”





  
MCRL/mcrl/10/11/12
Código em Recanto das Letras T3988017

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

AS FALÉSIAS

















AS FALÉSIAS


Cortes abruptos nas montanhas
diante do mar.
Imensa escultura,
gigantesca arte milenar...
como um amor cortado ainda na raiz
enquanto pensava em crescer
e frutificar.

A natureza fez as falésias assim
sua terra lambida
seu barro removido
em um instante, revolvido
a matéria orgânica
de repente,  rompida...
como um amor vagabundo
nascido já moribundo,
estando ainda em gestação,
abortado, em plena erupção.

Deslizando, na areia branca,
o rio encontrava o mar
no vazio daquele lugar.
Eram grandes ondas, sim
mas não havia mais do que o chacoalhar
quando Ele dirigiu para as falésias Seu olhar
e contemplou o quadro impressionante
e se agradou de Seu feito
cruel corte angustiante...
como um amor inconsequente
que se disse, num dia, premente
e, no outro, assassinado
provocou dor lancinante.

À vista hipnotizante das falésias
na praia virgem
ouvia-se claramente a voz dEle,
Ele, o silêncio que fala
pois que Sua voz vibrava
e a solidão, imponente,
reverberava o som do uivo
onipotente.
Como o primeiro e verdadeiro amor
incondicional, ancestral
onipresente.



MCRL/mcrl/12/11/12

Código em Recanto das Letras - T 3996366

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

TODOS OS DIAS






Todos os dias



Todos os dias lembro a música que tocava no momento em que minha filha, linda noiva, surgia com seu pai a caminho do altar...e isso me faz  sentir exultante!

Todos os dias ainda penso no último amor que vivi, arrancado de mim com a mesma violência que se arranca o brinquedo mais caro dos braços de uma criança carente...e isso me dói no mais profundo da alma!

Todos os dias penso no sacrifício de Jesus por nós, por mim... e isso me faz sentir um alívio imenso das minhas dores mais intensas!

Todos os dias penso, e peço, que minha filha mais nova seja guardada e protegida de todo o sofrimento...e isso me faz saber que estou clamando por uma utopia!

Todo dia tento vivê-lo como se fosse o último dia, e amar as pessoas que me cercam como se fosse a última vez que as visse...e isso me faz pensar que a morte está sempre próxima, mas não o fim...

Todos os dias acordo triste, preocupada, mas Deus me toma pela mão, me derrama a Sua graça e eu vou dormir feliz: porque fiz algo de bom, amei alguém como a mim mesma, senti a dor de alguém como se fosse minha, orei pelos que estão oprimidos mas, ao mesmo tempo, estou cada vez mais descrente dos homens...

Todos os dias quando abro os olhos me invade o peito uma esperança de ser mais um dia para amar, perdoar, seguir adiante com alegria e destemor...e isso me lembra a perseverança dos mártires do amor e da justiça!

Todos os dias suplico por prazer, porque ainda sinto o corpo a pedir a sensação máxima que nos foi graciosamente dada...e isso me faz constatar que Deus é o maior amante da humanidade, pois Ele mesmo nos deu a sexualidade!

Todas as noites penso que menos um dia eu tenho de vida...e então misturo em meu peito, ao mesmo tempo, as emoções da alegria e do torpor...

Todos os dias e noites me regozijo em escrever, em mais um poema esculpir, em ver mais uma poesia nascer, e isso me faz pensar que este dom não é nada...nada além de minha missão aqui a cumprir!





MCRL/mcrl/12/11/12
Código em Recanto das Letras – T3982576








segunda-feira, 5 de novembro de 2012

BITTER TASTE




BITTER TASTE



Acordar é amargo
Num primeiro pensamento
divago
Sobre nosso amor
Destroçado...

Pisado, humilhado
destruído
em um só segundo
como explosão no universo
como eclosão no centro
do mundo...

Abrir os olhos
é a pior parte do dia
depois tudo vai virando poesia

até a sorte
de difamar
nossas noites de sexo
até o cheiro acre de enxofre
em nossos hálitos cálidos
agudo ardor
até mesmo o batimento lento
da agonia
de nossa morte.


MCRL/mcrl/05/11/2012
Código em Recanto das Letras : T 3970707

sábado, 3 de novembro de 2012





PROPÓSITO DE DEUS





Quando morrer?

Como saber?

Somente a Deus já coube

contar os meus dias,

decidir,

predizer.



Não parece ser este o caminho

um  ser comum a viver

uma vida como tantas

família a suster.



Deus parece ter escrito

minhas linhas diferentes

muito mais do que sonhar,

me enganar e sofrer...



Acima de tudo amar

depois, então, escrever.






MCRL/mcrl/03.11.12

Código em Recanto das Letras - T 3966958