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sábado, 22 de dezembro de 2012

PÁSSARO FUGIDIO





PÁSSARO FUGIDIO




Onde estão suas asas,
para pousarem em meu colo, 
como o descanso do filhote?
Para se abrirem leves no espaço
como a saudação dos justos?
Para voarem livres num céu límpido
mostrando as direções
do meu horizonte?

Guardou seus sonhos
escondeu seus anseios
trouxe-me pesadelos.

Por que fugiu com esse olhar triste?
Para me deixar solta
em longas madrugadas
como a ovelha perdida do pastor?
Para me deixar presa à sua imagem
como fiel devota?
Para me nutrir de conflitos,
expondo meus medos e dúvidas?

Fincou cercas ao seu redor
plantou sementes num solo distante
de onde, mesmo assim, 
colho a mágoa e a angústia.

Agora cato seus pedaços
na trilha sórdida em que se transformou meu caminho
no barro úmido onde me lambuzei,
escorreguei cansada,
e a um companheiro pranto
me entreguei.



MCRL/mcrl/ago/2003

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PERCEPÇÕES




PERCEPÇÕES





Procuro
no teto ou no chão
a chama da vida
o que me empurra
quem me sussurra
“continua...”

Areia nos olhos
pedras no caminho
vento no rosto;
tudo me tira a visão,
tudo me aponta
solidão.

Escarneço
desfaleço
estremeço
e meu corpo,
sucumbe
balança
vacila 
amolece
derrete
procura
o alicerce
no sótão
no porão.

A causa
o efeito
a consequência
a mancha
a chaga
a ofensa
o afeto
a marca
a rocha
a morte.



MCRL/mcrl/15/08/2007
Código em Recanto das Letras 4018282