Fome, medo
Sede, trauma.
Amor que nada afaga
que treme
destrata,
cisma, pisa.
Pele, cinza
amor-torcida que fumega
saudade-cana esmagada.
Amor torrente
sobrevivente
à tempestade de vis palavras.
Esperança infrutífera
amanhã sem dia
dia sem noite
noite sem bruma
escuridão desalmada.
Onde ainda este amor?
que nem UTI recupera
mas que agonizando, sussurra,
chora;
e, no siléncio contido,
espera?
Onde a esperança?
Que no impossível descansa
que, disfarçada de brisa,
crê, ainda, em mudança?
Quem seria ete amor?
Um rufar absurdo?
Um golpe violento?
Quem seria este amor?
que apanha, sucumbe
vagueia à distância
num tênue feixe de luz
que invade o pensamento
por um segundo
como doce alimento
para, logo em seguida
lembrar sua condição precária
e voltar a prantear
ao relento.
Quem seria este amor?
Um mísero sem-vergonha
um pobre coitado
um ridículo, enjeitado
um paciente terminal
um filho indesejado
um cão pulguento?
Seja quem for
dia desses morre de vez
e o coração, duro
fica no desalento
observando a fumaça no resto do pavio
lamentando o desejo perdido
condenando a vida
e a realidade
por terem deixado morrer este amor
definitivamente
falido.
Cristina Lebre
Um comentário:
Olá Cris...vi seu comentário e convite para visitar seu blog no Autores S/A... e cá estou...linda demais sua obra... uma delícia ler vc... bjs azuis
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