Eu já nem sei
se sou gente
ou pássaro.
Por que meu corpo está parado
e mesmo assim viajo.
O teto baixo
não é limite
para onde meus olhos podem alcançar.
Eu já nem posso distinguir
se sou fêmea humana ou felina
por que sinto minhas mãos como garras a tremerem
sob a vibração do desejo.
Os lábios me traem
sobre o tilintar dos dentes
e mesmo assim sou neve macia
feita gelada para queimar.
Eu já nem sei se me sinto grande ou minúscula
gigante ou anã.
Vagando nas ruas ou boiando no mar.
O corpo pluma, os braços máquina
A pele opaca e a mente desordeira.
Por que meu peso não resiste ao das estacas
mas carrega no peito
a infinita resistência.
Imensas porções de amor guardadas
e mesmo assim sou só.
Ao final desta noite
eujá nem posso me distinguir no espelho
saber se sou braços ou asas
pernas ou patas,
mulher
ou gaivota.
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