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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

AS FALÉSIAS

















AS FALÉSIAS


Cortes abruptos nas montanhas
diante do mar.
Imensa escultura,
gigantesca arte milenar...
como um amor cortado ainda na raiz
enquanto pensava em crescer
e frutificar.

A natureza fez as falésias assim
sua terra lambida
seu barro removido
em um instante, revolvido
a matéria orgânica
de repente,  rompida...
como um amor vagabundo
nascido já moribundo,
estando ainda em gestação,
abortado, em plena erupção.

Deslizando, na areia branca,
o rio encontrava o mar
no vazio daquele lugar.
Eram grandes ondas, sim
mas não havia mais do que o chacoalhar
quando Ele dirigiu para as falésias Seu olhar
e contemplou o quadro impressionante
e se agradou de Seu feito
cruel corte angustiante...
como um amor inconsequente
que se disse, num dia, premente
e, no outro, assassinado
provocou dor lancinante.

À vista hipnotizante das falésias
na praia virgem
ouvia-se claramente a voz dEle,
Ele, o silêncio que fala
pois que Sua voz vibrava
e a solidão, imponente,
reverberava o som do uivo
onipotente.
Como o primeiro e verdadeiro amor
incondicional, ancestral
onipresente.



MCRL/mcrl/12/11/12

Código em Recanto das Letras - T 3996366

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