PÁSSARO FUGIDIO
Onde estão suas asas,
para pousarem em meu colo,
como o descanso do filhote?
Para se abrirem leves no espaço
como a saudação dos justos?
Para voarem livres num céu límpido
mostrando as direções
do meu horizonte?
Guardou seus sonhos
escondeu seus anseios
trouxe-me pesadelos.
Por que fugiu com esse olhar triste?
Para me deixar solta
em longas madrugadas
como a ovelha perdida do pastor?
Para me deixar presa à sua imagem
como fiel devota?
Para me nutrir de conflitos,
expondo meus medos e dúvidas?
Fincou cercas ao seu redor
plantou sementes num solo distante
de onde, mesmo assim,
colho a mágoa e a angústia.
Agora cato seus pedaços
na trilha sórdida em que se transformou meu caminho
no barro úmido onde me lambuzei,
escorreguei cansada,
e a um companheiro pranto
me entreguei.
MCRL/mcrl/ago/2003
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