O cais está repleto de folhas vermelhas e mortas
folhas que anunciam o ar gelado do inverno.
Do cais vê-se um horizonte escarlate
de onde o sol se retirou,
não sem antes dominar o céu, em sua majestade,
e somente depois ceder lugar à noite rubra.
Naquele cais, vez por outra, os amantes se encontram
enternecidos sentam-se, lado a lado, em sua beirada,
dão-se as mãos, beijam-se apaixonados,
e aguardam o luar, quando o escuro se verte em luz tão branda quanto intensa,
e azuleja o cais...
os pés descalços, entregues à brisa,
se entrelaçam entre promessas e sonhos.
O cais guarda momentos,
ponte que se faz entre o rio e a estrada,
madeira talhada para ancorar barcos e segredos,
onde as folhas caem,
e o som surdo de suas livres quedas
arranjam as cantigas enamoradas.
No cais traçam-se planos
nas margens do rio pousam flamingos,
gaivotas,
que esperam o cair da tarde,
e o deitar dos corpos
molhados nas águas dos rios de amor
e de carinhos tremidos, prementes,
bramidos,
busca apavorada e inútil de virar um só.
O cais, o entorno, as folhas, o horizonte,
o ponto de encontro de um amor inesperado,
deliberado, desavisado,
que nele ganhou endereço certo
a exuberância de seu cenário.
@Cristina Lebre - 29.08.14
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2 comentários:
O cais é uma exemplificação de que momentos acontecem e passam,os lugares ficam marcados e continuam a ver o sol e a noite passar.Belíssimo!!!!
Obrigada, querido Victor Martins, é um lugar lúdico, romântico, onde grandes segredos de amor se escondem. Grande abraço de poesia!
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