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quinta-feira, 4 de junho de 2015

MIMO DE MENINA

MIMO DE MENINA


Tenho um resto de menina
um fio de cabelo original
tecido no ventre da ascendência
tênue linha de esperança
teimosa, persistente,
capricho insistente.

Estranha persistência infante
no fundo d'alma, errante
crédula, resistente
como um cão que não desiste
de seu dono,
carente.

Não entendo, depois de tantos anos,
e dores, e partos,
e perdas, e partidas,
conservar um filete de infância
esquecer desse jeito
a falsidade humana.

Talvez eu seja a mesma, só que mais sofrida
calejada, nunca desiludida
de repente, tudo de novo,
aquele desejo,
ardente.

Lá no mundo
da mulher madura
por ora se acende
um incenso de criança.

A menina em mim não morreu.

@Cristina Lebre - 15.05.15

Código em RL – T5256124

2 comentários:

Jailda Galvão Aires disse...

Belíssimo! Como você escreve bem. Parabéns!

Cristina Lebre disse...

Obrigada, querida Jailda Galvão, feliz por seu comentário, bjs de poesia, <3