Seguidores

sexta-feira, 18 de maio de 2012




SOLIDÃO



Ela chega e deixa o coração assim, sem trabalho
sem afago;
a demência de um peito solitário
a câimbra traiçoeira
congelando as mãos.

Ela amassa o corpo cansado
e esmaga os dedos secos do inverno.
Do frio desprovido do poder
de arrefecer o tremor dos dentes.

Ela tritura o estômago, dilacera os órgãos
que, amordaçados, fazem engolir o choro
debaixo dos lençóis
do quarto mofado, trancado, deprimido.

Ela desaba frigidez sobre um dorso ainda infantil
continuamente belo
espantosamente puro.

Ela afasta as visões bonitas
do entrelaçar das mãos dos amantes
do olhar inocente da criança
das lágrimas sinceras de um pobre homem.

Ela mina o amor à natureza
os pingos de orvalho pousando suaves
sobre os copos de leite.

E derrete a alma
desfaz o corpo
corrói o desejo
mata.

sexta-feira, 4 de maio de 2012




Meu ser




Ó, quão profundo e indomável é o meu ser,
quão leve é a lágrima
quão pesada a dor
quão delicioso o silêncio entre um verso e o outro
entre um suspiro e o outro durante uma oração...