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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

INDIGENTE



Indigente


O sol nascente
já acorda quente,
estala o asfalto
que o lambe,
assa a carne,
a carne casca,
e o mata
lenta
mente.

Sua sede
é de mais um trago
mais um gole
do feitiço amargo,
escape
pra vida frívola
falidos dias
de rua, miséria
exclusão, escuro,
solidão, ruína.

Seu corpo é imundo
seu hálito, álcool
o olhar, sem rumo
os andrajos, rasgados,
mal cobrem as partes
que se exibem, acres.

Na porta do shopping
ofende a sociedade
que passa por ele
tem nojo e pena
e pede, suplica
que ele seja mentira
que seja miragem
tudo, menos este soco no estômago
menos esta vil
realidade.

@Cristina Lebre - 06.12.14

Código em RL – T5073181

4 comentários:

Carlos Costa disse...

Como assistente social que também sou, amei sua poesia!

Cristina Lebre disse...

Obrigada, amigo Carlos Costa, fico feliz, precisamos dar atenção a essa gente, que tb é gente, as pessoas se esquecem disso, grande abraço!

Isaac Zedecc disse...

Olá,
Sabe essa poesia me tocou muito. é a mais pura realidade. Trabalho em um projeto de Alimentação dos Moradores de Rua, e mesmo estando no meio de pessoas sujas fisicamente, percebemos que são limpas de coração. Não são isso que as pessoas dizem, nós sentamos conversamos, dando risada. Louvando a Deus, não importa voz. Importa que louve.Muito Boa sua poesia, adorei, adorei mesmo.

Cristina Lebre disse...

Obrigada, querido Isaac Zedecc, que bom saber de pessoas como vc, que vão até os indigentes e levam a eles a lembrança de sua dignidade, grande abraço, que Deus o abençoe!