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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Uma e quarenta da madrugada, sábado prá domingo, 11 para 12 de fevereiro de 2012: Acabo de ler "A Elegância do Ouriço", de Muriel Barbery. Estupendo romance! E, mais uma vez, entre tantas e tantas vezes em minha já longa vida, aquela conhecida sensação de vazio, de morte. Amarga e revoltante emoção. Soco no estômago: "Não!" digo a minha alma angustiada, "não acabe, não tem mais umas páginazin...has à frente?"
Posso voltar atrás, ler alguns trechos novamente, mas não adianta, já os li, me lembro de muitos deles, tanta atenção prestei, tão entretida fiquei. Droga! É isso a literatura? Uma sucessão de ficções tão belas quanto curtas? Pois quanto melhor o livro mais ele o prende e, consequentemente, mais rápido acaba? O que fazer com essa dor lancinante? Comer o livro, literalmente? Não vai me fazer bem, já o comi, figurativamente. Agora é juntar meus cacos interiores, quebrados em sentenças tão intensas compartilhadas entre a autora e eu, que doravante sou a dona da trama. Lembrar outros livros, outras citações, outras passagens tão marcantes quanto estas últimas lidas pouco antes deste desfecho esdrúxulo de solidão, decepção, o fim de um romance, tão lindo ele o era...
Tantos livros, tantas passagens guardadas na memória, desde Monteiro Lobato, Saint Exupéry, Machado, até o último de Vargas Llosa, o último de Saramago, o meu "Olhos de Lince, o nosso "Nuvem de Palavras"...
Viagens pelo mundo nas breves páginas que rolam em nossas mãos, e em cuja textura acariciamos, e em cujo conteúdo nos vemos, vivemos, amamos, gozamos, sofremos, choramos, morremos.
Deixar um acervo para os filhos, netos, sobrinhos, eles que, afinal, também precisarão da literatura para se desenvolverem, produzirem um mundo melhor a cada dia.
Dói-me agora o fim de "A Elegância do Ouriço". Poderia ter lido mais
devagar,
poderia não ter varado tantas noites lendo, mas sou adicta, não páro de ler. E não me consta, pelo menos até agora nenhuma pesquisa americana revelou, que este seja um vício prejudicial à saúde.
Para compensar a sua morte, tomo algumas decisões, depois de levantar a cabeça e me conformar com ela: 1) guardá-lo com carinho na minha estante, cada dia mais cheinha, quão mais bela ela fica; 2) tomar posse do próximo que aqui ao lado me aguarda, emprestado de uma grande amiga: " A Alma Imoral", aqui vou eu!
 
 
 
 

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