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terça-feira, 24 de julho de 2012




QUANDO?


Se não me falha a memória
ainda anseio por ti
ainda espero por ti
pode ser na alvorada
pode ser na aurora.

Se não me falha a memória
ainda não te conheci
ainda não te consegui
nem hoje, nem agora
nem outrora.

Se não me engano
você ainda está por aí
seu beijo ainda está por vir
seus olhos ainda vão me vir
e insistir
em ficar comigo, em comigo existir.

Se não demorar mais tanto
ainda te encontro e canto
a felicidade do amar
ainda agradeço à vida
mesmo depois, 
de tanto esperar.

domingo, 22 de julho de 2012





SAUDOSO RENATO


Renato, branco, russo
carioca, braziliense
morto há anos
voz que ressuscita diariamente
e canta.

Canções inéditas
voz atormentada
canto potente
oferecido à gente
almas cansadas,
ainda viventes.

Do túmulo desses anos
emerge a criação
densa
deliciosa sensação
melodia que inebria
o coração
nosso coração
tenso coração
agraciado no carro
na angústia e no tormento
do caos do engarrafamento.

Renato canta
"Quem acredita sempre alcança"
Renato morto, marcado
vivo, encarnado
em minha, nossa
mente.
Renato, meu colega
meu amigo, meu irmão
minha geração.

Podia estar aqui
cantando ao vivo prá nós.
Invadindo os túneis de nossos ouvidos
com sua penetrante-acre-voz.

Seu lamento é meu alento
doce Renato
companheiro de rock.
Amigo poeta
Seu canto ainda é
nosso sustento
no turbilhão dessa cidade assustada
no desespero dessa manhã chuvosa
de sábado,
no inevitável
Fantasmi d'amore
Quando i venti del cuore soffiano
seguiamo fantasmi d'amore.

Renato, russo, brasileiro
porta-voz de nosso sofrimento.
Por que nos deixou
assim tão precocemente
soltando essa voz, 
em português, em italiano?
Por que nos deixou?
Ainda apreciávamos tanto
seu timbre
sua criação
sua genialidade.

"Quem acredita sempre alcança"
repete o morto Renato
vivo 
atento.

Lenta é a sua partida
de nosso mundo torpe, assustado
de nossa lembrança saudosa,
triste, apegada.

Choro até hoje a sua morte
tantos anos depois
num sábado chuvoso
quanta falta...

Estivesse aqui agora
e cantaria os tiros que ninguém sabe
de onde vêm.
Os tiros intensos
que ora acertam, ora erram
ora matam
ora aleijam
ora marcam.

Estivesse aqui ainda
e cantaria a agonia
de nossa terra de ninguém,
de nosso povo assassinado,
nos ônibus incendiados,
de nossos líderes corruptos
os nossos maiores bandidos
como ele cantou
em "Faroeste Caboclo",
nada mudou
desde antes de sua ida.

Fica conosco, Renato
No youtube, no carro, no rádio,
mas fica
faz disso a sua função
sua presença eterna, atenta
fica ainda neste sábado 
sangrento,
porque nem a morte nos separa
porque sua voz ainda dispara
pura emoção.


Fica hoje, e muito mais
e durante ainda mais
um tempo.


terça-feira, 17 de julho de 2012





LUTA INTERNA




Parar um pouco
e pensar...


A mão corre leve em busca de desabafo...
Nas folhas, o corpo se arrasta cansado
em busca de um afago, talvez,
um amigo, uma vez.


Nas noites quentes, meu coração enxotado
de sua vida.
Entulhado
de saudade...


Voa ligeiro em busca do sono
respira fundo e alcança a fuga.
Quando os sonhos não são mais frugais
nem mais ilusões.


Os temporais, torrentes cruéis e constantes
enquanto o sol consegue uma brecha
e se levanta.


Sua majestade, ofuscante claridade,
queima o corpo molhado da chuva
ilumina os pingos que se tornam faíscas.


A natureza espanta
o gosto brando da amizade estanca
a dor do amor perdido
o pranto coagulado...


mas ainda não cicatrizado;
porquanto ainda vive a esperança 
sórdida e amarga
de reencontrar...


A mais brilhante estrela
ao cair da tarde, quando aparece, encanta
e novamente faz chorar.

sábado, 14 de julho de 2012




VERSOS NO DESERTO


Do deserto da vida
do vazio da solidão
da esperança infinda
da mistura de tanta emoção,

nasceu este livro
cunhado desde a adolescência,
cheio de poesias
que falam da consciência
e da ausência de razões,
do ser humano
e de suas contradições.

Amores e ódios
milhares de sentimentos,
emoções, perdões
desesperos e felicidades
aconchegos,
tranquilidades.

O complexo da alma
que de deserta não tem nada
mas que por nada
se esvazia, doente.

Assim é este livro
um deserto coberto
da aura mais clara
da semente que brota
na imaginação do poeta
que agoniado,
se esgota 
de escrever, mas não pára.

Que no deserto de sua solitude
escreve os passos do homem
que da urgência interna liberta
palavras cheias, inteiras
duras poesias,
que retratam a vida e a morte
em suas mais estranhas
entranhas.