Seguidores

sábado, 11 de outubro de 2014

DESIGUALDADE



DESIGUALDADE

A agonia que eu sinto é a de ver violência
o pó da estrada lambendo rostos murchos,
enrijecidos,
refugiados de disputas insanas.
O inconformismo com a mentira me rói os ossos
trinca os dentes,
sangue subindo e seguindo
o percurso de minhas entranhas,
lágrimas envidraçando os olhos.
A angústia que me traz a inveja,
a ganância, a ignorância
da recusa em constatar-se temporal,
do alienar-se quanto à efemeridade da vida,
da qual nenhum ser se livra,
leva-me a rasgar os andrajos
com que cubro meu corpo mortal,
a estapear-me o rosto,
a esconder minha mente em masmorras,
a consumir-me em dolos.
Ó, mundo imundo,
agacha-te e rende homenagem aos que estão no limbo,
inclina-te ao largado na sarjeta
invoca o amor
que encobre o pavor
do roto forasteiro.
Não somos mais do que carne podre
putrefata após a morte que a todos um dia leva
de nada adianta poder e posses
ao preço da fome dos pobres da guerra.
O que habita no meu dentro é a esperança
quando os ventos da compaixão acariciam minha face
ao vislumbre dos homens que se doam, sem detença,
pelo irmão doente, quebrado,
desenganado.
Enquanto tantos esquecem suas senhas
lacradas, incrustadas, mas infalíveis,
a minh’alma se tempera em devaneios de gozo
em cânticos de louvor
àquele que um dia volta, sim, sua volta tão esperada,
e que destruirá, em golpes duros e certeiros,
toda a maldade humana
todos os grilhões
da dor.


@Cristina Lebre
Código em RT - T 4982720

2 comentários:

Carlos Costa disse...

Mais um poema social magníficos. Adoro esses temas. Se bem desenvolvidos, ficam fantásticos. Esse seu encontra-se nesse rol, Cristina.
Parabéns!

Cristina Lebre disse...

Obrigada mais uma vez, queridão Carlos Costa, você é um excelente leitor, abraços de poesia!